sábado, 22 de novembro de 2014

Conrad

Conrad era minha ovelha, mas Conrad, apesar de ser ovelhA era macho. Gostava era de andar, como se estivesse procurando algo. Cheirava plantas, terra, pasto e depois paralisava. Acho que era pra sentir o cheiro, mas sentir com todos os sentidos, sabe? Conrad quis saber o significado das coisas, mas não para muda-las ou pensar sobre isso. Só pra saber mesmo. Bom, ninguém se importava. A vida no campo é doida. Passa muito devagar e você não sabe direito o que está fazendo, então o significado das coisas passa a não importar muito mesmo. É uma questão de observação vazia, sem contemplação. A vida passa lenta nesse canto da Terra. Enfim, voltando a Conrad. Eu não sei bem como, mas vou só contar o que vi. Conrad sumia todo os dias, sempre no meio da tarde e só voltava ao anoitecer. Num dia desse aí ele não voltou. Ao raiar do dia seguinte, como de costume, acordei cedo pra tirar os leite das vaca. Sonolento, senti uma sombra por cima da minha cabeça. Olhei, com os olhos ainda serrados se sono, mas tenho certeza do que vi, juro pela minha mãezinha, era Conrad subindo num balão. Só subia o balão. Com gás e às vezes soltava até fogo! Foi muito estranho, mas não pensei muito em como ele foi parar lá. Parecia o certo. Senti como se fosse normal. Era Conrad, era pra ser. E se foi.

sábado, 2 de julho de 2011

O Girassol

Era uma vez um girassol com insônia. Na verdade não era insônia, era só que ele só conseguia dormir de manhã e sempre perdia o horário do sol para poder ‘girar’ para ele. Talvez ele fosse um girassol vampiro, ou zumbi, ou qualquer dessas coisas que estão na morda agora. Ele só não tinha bigode e nem tatuagem de caveira mexicana.

Então ele decidiu que ser diferente é bom e resolveu ser um ‘giralua’. Ele se percebeu mais bonito à luz da lua e se sentia especial também. Foi legal no começo, era divertido girar de modo diferente a cada fase da lua, nunca saber o que esperar. Mas ele se cansou. A lua é muito inconstante, misteriosa. Às vezes ela nem aparece. Bom, quem nasceu pra girassol, nunca será giralua... –q hahahahahhaha

domingo, 23 de maio de 2010

Tentando explicar minha visão das coisas.

Todas as meninas que trabalham comigo tem namorado. Isso quer dizer que passo meus dias ouvindo papos sobre casamento, filhos, sexo chato e presentinhos. Uma delas está prestes a se casar, com 21 anos e com o único cara que ela deu na vida.

Eu sei que não sou considerada uma pessoa normal então escuto calada e tento não sorrir que é para que não se dirijam a mim. Ontem estavam falando de casamento e filhos e eu comentei algo sobre ser mãe e tal. Aí elas me perguntaram como eu ia ter filhos se eu não quero casar. HÁ!!! Gente, juro que não acreditei que ainda pensassem assim no mundo.

Dei uma risada debochada e respondi que não quero me casar como elas acham que deve ser o casamento porque acho desnecessário, mas que nada me impedia de manter uma relação estável com alguém e que só assinaria um papel se houvessem benefícios, sendo assim, expliquei que só assinaria este papel em duas situações. Uma se o homem com quem eu estivesse namorando fosse o Johnny Depp porque aí sim eu ia querer uma prova por escrito dizendo aquele o patrimônio é só meu. Outra se o cara tivesse um sobrenome super maneiro que eu quisesse ter também.

Não preciso dizer que a expressão no rosto delas foi um mix de “coitadinha dela... tão novinha e tão amarga” e “doida!”. Ando vendo muito essa expressão na verdade.
Outro dia conto como eu contei a elas que não acredito em deus. rs
Acho que nunca vou contar que comecei a fumar com 11 anos, a beber com 13 e a me drogar com 15. O mundo anda muito ortodoxo.